22.3.17

Ape Rotoma (Embebedo-me todas as noites)





Me emborracho cada noche para no pensar en ti
y poder dormir. Despierto de madrugada con resaca
y el jodido insomnio alcohólico me impide dormir de nuevo.
Como un zombi, me acerco al ordenador de un compañero de piso
y tecleo cosas ya escritas, para no pensar en ti
y poder vivir un rato. La mañana pasa lenta
y el puto guión me aburre. Tecleo alguna otra cosa,
leo el periódico de ayer y "Hollywood" de Bukowski,
fumo mucho y pienso más, procuro que no sea en ti
y no lo consigo. Vuelta al guión. Otro café. Y, por fin,
grabo en ese mismo software muy despacio este poema.
Y me gusta. Y me entretengo en juguetear con su ritmo,
en respetar su estructura y en multiplicar enlaces,
aunque parezca mentira, para no pensar en ti.

Ape Rotoma




Embebedo-me todas as noites para não pensar em ti
e poder dormir. Desperto de madrugada com ressaca
e a porra da insónia do álcool não me deixa adormecer novamente.
Como um zombi, vou ao computador de um colega de casa
e teclo umas coisas já escritas, para não pensar em ti
e poder viver um bocado. A manhã escorre lenta
e o puto do guião chateia-me. Teclo uma outra coisa qualquer,
leio o jornal de ontem e ‘Hollywood’ de Bukowski,
fumo bastante e penso mais, procuro que não seja em ti
mas não consigo. Torno ao guião. Outro café. E, por fim,
gravo no teclado muito devagar este poema.
E agrada-me. E entretenho-me a brincar-lhe com o ritmo,
respeitar-lhe a estrutura e multiplicar ligações,
embora pareça mentira, para não pensar em ti.


(Trad. A.M.)


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